26 05 2012
Estava tudo certo para a primeira entrevista do Gafieiras. Bar Paulistano, às 19h30 da quarta-feira, 24 de outubro. "Por favor, aquele que está indo ali é o Eduardo Gudin?", perguntei desesperado aos manobristas do Paulistano apontando para um homem alto, de camisão preto e cabelos esvoaçantes.
26 05 2012
Daniel Almeida – Gudin, com quantos anos você começou a tocar violão?
Eduardo Gudin – Comecei a estudar violão com 13 anos, um pouquinho tarde.
Ricardo Tacioli – Tarde?
Gudin – Um pouquinho, mas é uma idade boa porque eu tinha um relacionamento muito forte com música. Tinha
26 05 2012
Tacioli – Mas já com 16 anos você tocou no O fino da bossa.
Gudin – Era o último O fino da bossa, não sei se já estava se chamando Frente única, que era um programa que veio logo depois. Parei a Elis, o Ronaldo Bôscoli, que era marido dela naquele tempo, e o Roberto Menescal no Hote
26 05 2012
Tacioli – E que méritos você vê na Jovem Guarda? Você diferenciava algum na época?
Gudin – São tipos de música, cada um tem uma proposta. Hoje o cara bota todas as tendências num saco só. Não é ser antidemocrático, é uma questão de triagem natural. Você separa... Chopin é r
26 05 2012
Max Eluard – Você vê uma saída, um caminho para essa outra música que não é voltada para fazer 10 mil pessoas dançarem? Você acha que ela sobrevive?
Gudin – Ela vai sobreviver. A gente tem que profissionalizar esse segmento, porque é um tipo de música pela qual vai sempre ter gen
26 05 2012
Max Eluard – Você consegue enxergar algum divisor de águas nessa mudança na época em que as pessoas comentavam sobre Tom Jobim para hoje quando se comenta sobre a música do KLB?
Gudin – Primeiro, o tipo de vida que a gente vive hoje. A mídia caminha para um lado, e a música para out
26 05 2012
Max Eluard – Gudin, como você vê a sua música, o que ela te representa?
Gudin – Pertenço a esse tipo de compositor que gosta de lidar com melodia dentro da linha da composição popular, que tem orgulho porque fez aquela nota malandra que nenhum cara faria ali. É um dom, e criar melod
26 05 2012
Almeida – Gudin, distanciar-se do popular é uma preocupação para você? Ou isso é para quem vende 500 mil discos?
Gudin – Da música popular que eu faço?
Almeida – É.
Gudin – Gostaria de fazer tudo junto. Descobri um negócio outro dia, sempre desconfiava, sou uma pessoa que
26 05 2012
Dafne Sampaio – Em Luzes da mesma luz tem um pouco de tudo da sua carreira, de sambas tradicionais, de Tom Jobim, mas também um Arrigo, atonalismo...
Gudin – É, tem um Arrigo ali!
Sampaio – Como você trabalha tudo isso?
Gudin – É mais ou menos o que eu faço mesmo, é uma cois
26 05 2012
Almeida – Além da música "Cidade oculta", que você fez com o Arrigo Barnabé para o filme homônimo, você não namorou com o cinema mais nenhuma vez?
Gudin – Fiz uma vez a trilha inteira de um filme chamado À flor da pele [n.e. Película de 1976, dirigida por Francisco Ramalho Jr. e e
26 05 2012
Tacioli – Que imagem você tinha do artista quando você estava começando? O que você esperava que fosse ser artista? E de que modo isso ao longo do tempo, se é que você tinha essa imagem, se reforçou ou foi se desmanchando?
Gudin – Eu tinha uma ideia muito romântica, de que o artist
26 05 2012
Almeida – Gudin, é verdade que você compunha com o Paulo Cesar Pinheiro pelo telefone?
Gudin – Muita coisa. Ele tinha um gravador velho, desses...
Almeida – Mas como é que vocês se conheceram, você paulista e ele carioca?
Gudin – Sempre fui muito ligado ao Baden Powell. Ouvi
26 05 2012
Almeida – Como é que você conheceu o Adoniran?
Gudin – Foi na TV Record, ele ficava naquele bar que tinha uma sinuca, bebendo cerveja. ''Ô, ô, como é que tá?'', mas aí não vale. Não vale porque eu era qualquer um.
Max Eluard – Musicalmente.
Gudin – Não me lembro.
Almeid
26 05 2012
Tacioli – Seu primeiro disco é de 1973, cinco anos depois de sua primeira participação em festivais. Como é que foi e o que ele representou?
Gudin – Como eu estava aparecendo bastante, fazendo umas músicas, me convidaram para fazer um disco na Odeon. Fiz um teste, gravei um compacto s
30 05 2012
Dona Inah sabe muito bem o que tem de fazer. Além da vida doméstica – adora costurar –, seu negócio é cantar. Sempre foi, desde a meninice em Araras, onde nasceu. Mas somente nesses últimos dez anos que a carreira de Ignez Francisco tomou o espaço que merece. Gravou seus dois primeiros dis
30 05 2012
Gafieiras - O especial infantil para adultos do Gafieiras desse ano (2007) fala sobre a casa da vó. Então, na entrevista de hoje, a gente vai falar tanto de sua história como artista, quanto de sua história de vida. Quais lembranças a senhora tem da casa da vó?
Dona Inah - Eu tenho tantas
30 05 2012
Gafieiras - Ela contava histórias pra você, histórias do tempo da escravidão? Ou era somente uma figura rígida?
Dona Inah - Não, ela não era rígida, era uma pessoa enérgica, mas rígida, não! Ela tratava a gente muito bem. As histórias que ela contava eram do tempo dos patrões, das d
30 05 2012
Gafieiras - Quando foi a última vez que a senhora viu a vó Joana?
Dona Inah - A vó Joana eu vi pela última vez... Eu vim pra São Paulo em 1954, ela faleceu em 1963. Eu estive lá quando ela faleceu, depois nunca mais. De 1954 à 1960 eu estive, eu vi. Em 1960 fui à casa dela passear, minha
30 05 2012
Gafieiras - A senhora lembra qual foi a música com a qual a senhora ganhou esse primeiro concurso?
Dona Inah - [ canta ] "Eu sonhei que tu estavas tão linda / Numa festa de raro esplendor / Teu vestido de baile lembro ainda / Era branco, todo branco meu amor / A orquestra tocou a valsa dolent
30 05 2012
Gafieiras - A senhora lembra quando ela começou a fazer sucesso?
Dona Inah - Quando ela foi embora com o circo e com o Cascatinha, ela ficou tempo sem cantar. Ela casou e foi embora com ele. Primeira música que ela gravou acho que foi “La Paloma”. [ canta ] "Quando amanhece o dia no meu se
30 05 2012
Gafieiras - A gente sempre faz um apanhado de informações do artista antes de entrevistá-lo. Aí tem a história de um disco que a senhora fez... Quando foi?
Dona Inah - Era um compacto. Foi (gravado) antes da Record pegar fogo.
Gafieiras - Foi em 78 rpm, Dona Inah?
Dona Inah – É, era l
30 05 2012
Gafieiras - E quais foram os grandes momentos, de alegria e de vida?
Dona Inah - Marcou ter grandes amigos, de conhecer a Europa e trabalhar lá pra pessoas bacanas. Eu estive na França, na Espanha e no Marrocos. Trabalhar no Teatro Municipal, que é uma coisa que sempre desejei, me marcou muit
30 05 2012
Gafieiras - Dona Inah, com tanto tempo trabalhando com música, como foi selecionar o repertório para seu primeiro CD?
Dona Inah – Tenho uma facilidade doida pra decorar música. Mas pra definir o repertório, poxa, tanto tempo de música, e gravar (somente) 12, 14 (músicas)... Agora também
30 05 2012
Gafieiras - Dona Inah, e como sua relação com o bar do Cidão?
Dona Inah - Quando o Cidão abriu esse bar, nós começamos – eu e o João Macacão (cantor e violonista) – a cantar aqui.
Gafieiras - E isso foi quando?
Dona Inah – Ah! Nem lembro mais, faz uns cinco anos, acho. Foi em 20
30 05 2012
Gafieiras - Dona Inah, pintou mais trabalho depois de gravar um disco? Que portas o disco abriu para a senhora?
Dona Inah - Ah, o disco, se é bem trabalhado, abre muitas portas pra gente, sabe? O meu disco vendeu bem, tá vendendo ainda. E abriu várias portas, vários shows, né? Não sei, pod
30 05 2012
Gafieiras - Como é o dia-a-dia da senhora?
Dona Inah - Meu dia-a-dia? Eu trabalho o dia inteiro em casa, onde dificilmente escuto música.
Gafieiras - Quando a senhora escuta música, Dona Inah?
Dona Inah - Às vezes, quando vou ensaiar, quando tenho que aprender uma música, fico escutando
30 05 2012
Gafieiras - Dona Inah, a senhora contou um pouco do passado de sua família e falou da escravidão, do sofrimento. Esse passado sofrido influenciou de alguma maneira sua trajetória de vida?
Dona Inah - Sempre marca as pessoas...
Gafieiras - Muito?
Dona Inah - Marca, sim, viu, filha, porque a
30 05 2012
Gafieiras - O canto orfeônico era aquele do Villa-Lobos, né?
Dona Inah - Na escola tinha aula de música, e havia uma matéria chamada canto orfeônico. A gente participava.
Gafieiras - Como eram essas aulas?
Dona Inah - A gente tinha que aprender a cantar vozes, e toda festa – como o Set
30 05 2012
Gafieiras - Dona Inah, quando a senhora conheceu o Marco?
Dona Inah - O Marco eu conheci faz cinco, seis anos. Foi em 1997.
Gafieiras - Foi na época do disco?
Dona Inah - Foi bem antes. Nós fazíamos muito trabalho juntos. Trabalhava com um grupo de choro. Foi uma pessoa muito importante na
30 05 2012
Gafieiras - Dona Inah, a senhora tinha algum ídolo em que tentou se espelhar?
Dona Inah - Quando comecei a cantar trabalhei com vários artistas. Artistas que foram na cidade pra se apresentar no clube de lá. Então, uma vez foi Orlando Silva. O Luiz Gonzaga que quis me trazer pra São Paulo,